Diário de um fumador

Apenas o desespero na forma de palavras

9 de janeiro de 2008

Acordei desamparado

Tal como dissera, decidi deitar-me no fim de tarde.
Como ainda tinha cerca de uma hora até ao jantar, decidi pegar no carro e fui dar uma volta. Antes de entrar no carro, voltei a casa para vir buscar os cigarros. O help-eu (que já envia mails novamente), avisara-me, há alguns dias, para deitar o maço fora. Que, passado uma semana, é tempo de decidir: “Agora ou Nunca!”.
Eu decidira “Agora… ainda não!” e mantive o tabaco guardado na gaveta.
Porém, neste fim de tarde/ início de noite, deu-me na cabeça para o transferir para o carro. Devo ter pensado assim: “Aqui está mais seguro. Se me der ansiedade no quarto, não saio à rua para vir buscar cigarros ao carro!…” ou qualquer coisa semelhante.
Nem sequer pensei nas consequências de ter o tabaco no carro, em vez de no quarto.
Se me apetecesse fumar no quarto, mesmo com cigarros, sempre me distraía com playstation, telemóvel, televisão ou computador. No carro, só tenho o rádio e aqueles malditos IC12 ou o IP3, onde a paisagem é só alcatrão e algumas casas.
De qualquer modo, entrei e coloquei o maço de cigarros no porta-luvas. Recordo-me de ter reparado que não levei isqueiro e pensar: “Tenho o isqueiro do carro”.
Estava-se mesmo a ver, não estava!
Entrei no carro e, assim que me apercebi, o IC12 era o cenário. Não percebi porque escolhera ir por ali. Ia apenas dar uma volta. A música, se bem me recordo, era dos Cure (que gostaria de ver dia 08 de Março). Quando dei por mim, estava de cigarro na boca, com a ponta dos dedos a bater no isqueiro do carro, à espera da chama que iria reacender o meu vício.
Olhei para o relógio! 19,23h! Acendi o cigarro e (re)comecei a fumar.
Abri os olhos. Olhei para o relógio! 19,23h!
“Onde está o cigarro?” Perguntei-me.
“Isto não é o meu carro”. Percebi imediatamente a seguir.
Acordei desamparado. A suar. Tinha sido um sonho. Levo as mãos, instintivamente, ao nariz e cheiro-as.
“Está tudo bem!”, digo em voz alta, mas só para mim.
“Está tudo bem”, escrevo, só para vocês.

1 comentário:

Anónimo disse...

sou sincera ao ler o texto por momentos passou-me pela cabeça que tinha fumado, mas ou mesmo tempo disse para mim própria isto não pode ser verdade...mas mesmo assim veio-me o sentimnto de tristeza, so de pensar que podia ter fumado.
Mas felizmente não passou de sonho que eu espero que nunca se torne realidade.
e termina mais um dia sem fumar.
" se o que é bom acaba depressa, o setor já devia ter morrido há muito tempo"
Beijos

Reduzido a cinza

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Canas de Senhorim, Viseu, Portugal
À espera de palavras...