Diário de um fumador

Apenas o desespero na forma de palavras

31 de agosto de 2008

79

Aos trinta anos (e oito meses depois do último cigarro), quis conhecer o meu peso.
79 Kg.
Com 1,79 m de altura penso que até nem estou mal.
Ainda assim, registo esta marca porque estou a pensar em fazer um ligeiro regime de emagrecimento.
Não estou muito triste por ter engordado, porque, tal como digo aos que me apontam de "mais gordo", é uma gordura da qual me orgulho.
De qualquer forma, espero agora baixar até aos 75 Kg.
Vamos lá ver!...

Consegui!

Consegui passar as férias sem fumar.
Bebi o dobro da cerveja, comi o triplo de tremoços (porque não sou gajo de mariscos) e amendoins, mas consegui.
Obrigado!

30 de agosto de 2008

Mágoas

Se vocês soubessem a sensação que aperta o peito contra nós próprios, só porque alguém acende um cigarro e o fumo, sem escolha, vem ter connosco.
Se vocês adivinhassem a vontade que cresce em mim, quando me lembro que o cigarro era o companheiro, o silencioso amigo, a presença no meio de tantas ausências.
Se vocês calculassem quanto dói saber que a nicotina oferece uma sensação de repouso e tranquilidade.
Se vocês conhecessem o pavor de engolir à pressa o licor, de regressar a casa a correr, de tentar adormecer, só porque apetece mesmo, muito mesmo, fumar.
É uma luta diária e constante, esta que travo.
30 anos e tenho a certeza que esta fome de nicotina é a minha maior mágoa.

29 de agosto de 2008

Nascidos a 29 de Agosto

1632 - John Locke - filósofo
1780 - Jean Ingres - pintor
1915 - Ingrid Bergman - actriz
1920 - Charlie Parker - saxofonista de jazz
1923 - Richard Attenborough - actor
1949 - Richard Gere - actor
1958 - Michael Jackson - cantor
1978 - Rui Fonte - Professor/ escritor(?)

30 anos

30 anos de idade.
8 meses sem fumar.
242 dias sem tabaco.
4840 cigarros apagados.
730 € poupados.

Feliz Aniversário

Hoje faço anos!

Excertos de Paixão V

"Antes de abrir os olhos tenta avaliar o seu estado de alma. Não é fácil encontrar o adjectivo. Fica quieta. Se se mover teme que o adjectivo seja outro. Poderá passar de melancólico para desconsolado. Poderá saltar de triste para desesperado. Poderá oscilar entre o ansioso e o angustiado. Mas nunca se metamorfoseará de qualquer coisa próxima da infelicidade para qualquer coisa próxima da felicidade. É pelo menos essa a sua convicção".

Paixão, in “Rosa Vermelha em quarto escuro” (2008)

28 de agosto de 2008

Excertos de Paixão IV

"Trago-te debaixo da minha pele. Apanhaste-me desprevenido. Atingiste-me o coração, pecado meu. E agora é tarde para tudo senão para escrever. O teu coração tão branco a bater perto de mim. Embora o não ouvisse sei que estava lá".
Paixão, in "Ladrão de fogo" (2005)

27 de agosto de 2008

Excertos de Paixão III

"Dois desejos diferentes, uma espera indefenida, duas vidas suspensas. Simples, embora estranho. Ele queria-a cada vez mais. Sem nunca a ter visto. Nem em fotografia. Estar-se apaixonado por uma pessoa da qual não se tem nenhuma imagem é lindo, pensava ele. Ela também precisava cada vez mais dele. Das palavras dele, pelo menos das palavras, de mais nada, dizia ela. Talvez da voz também, também dizia. O equívoco crescia e ninguém tinha coragem para nada".

Paixão, in "Cala a minha boca com a tua" (2002)

26 de agosto de 2008

Parabéns Mãe

Poema à mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -, às vezes
ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração rosas
tão brancas como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal..."
Mas - tu sabes! - a noite é enorme e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.

Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...

Boa noite. Eu vou com as aves!

Eugénio de Andrade

Excertos de Paixão II

"Compões dentro da cabeça uma mulher com um bocadinho disto e um bocadinho daquilo e esperas que bata certo. Levas um bocado do tecido rasgado e queres encontrar o todo. Mas não encontras ninguém. Pior, encontras alguém que te vem provar sem remissão que não a vais poder substituir tão facilmente porque não há mais nada no mundo inteiro depois dela senão um deserto de tempo que se estende à tua frente onde tudo se torna insignificante e pequenino".

Paixão, in "Nos teus braços morreríamos" (1998)

25 de agosto de 2008

Excertos de Paixão

Nesta semana que hoje começa, irei, neste espaço, prestar homenagem a Pedro Paixão.
Não só porque sim, mas também porque vocês merecem ler o que ele escreve.
Uma vez por dia, irei colocar aqui um excerto de livros dele. O primeiro é o meu preferido. Chama-se "Spleen de Lisboa".

"Suave é o fumo do cigarro que entontece. Tenho passado estes dias na ocupação de os desfazer aos bocados. Tudo passa devagar como este fim de tarde em que o sol está quente e pachorrento e a minha alma anda por aí livre ao acaso. De resto não faço nada que valha a pena recordar. Quando muito escrevo uma carta que não mando, leio parágrafos vários de livros que folheio, escrevo coisas como esta em que não digo nada. Com sorte talvez beije uma rapariga, se for preciso ou a isso me obrigar. À parte isso não faço nada, sou como este fumo azulado que se dissipa sem vento".

Paixão, in "Histórias Verdadeiras" (1994)

23 de agosto de 2008

Paixão III

O primeiro parágrafo que li de Paixão...

"Queres saber quem sou? Eu sou o que te olha e espia para te recolher e depois guardar num lugar que é só meu. Para isso serve o papel. O resto não precisas saber. Nem convém. Só te ias distrair, podes crer. Eu sou o que mergulha as mãos na tua vida para sentir a minha voltar".

Paixão, in "Muito meu amor" (1996)
A partir daí foi impossível parar de o ler.

Paixão II


Paixão



Ontem concretizou-se uma esperança, um inverter de papeis.
Por uma noite, passei de leitor a escritor. Em vez de ser eu a ler Pedro Paixão, foi ele a ler-me. Como testemunha a imagem, lá está Paixão, com os meus livros à disposição, depois do jantar num restaurante ao qual se rendeu.
Também se confirmaram as suspeitas de que ele fuma. Confesso que me apeteceu fumar com ele, para celebrar o momento. Todavia, depressa cheguei à conclusão que não ia celebrar, mas sim estragar o momento.
Uma noite para recordar, para sempre.

21 de agosto de 2008

Jantar de autores adiado

Fica para amanhã.
Será que ele fuma?

20 de agosto de 2008

Um dia...

Um dia, quando cegar da vida, vou olhar para ti e ver que, de menina dos meus olhos, te transformaste na mulher dos meus sonhos.

19 de agosto de 2008

Jantar de autores

Hoje recebi uma notícia fascinante.
Vou ter a possibilidade de jantar com o autor do último livro que comprei e que, por acaso, o partilhei aqui.
É uma das minhas referências e estou nervoso porque não sei se terei assunto para ele.
Desejem-me sorte. Depois conto como foi...

18 de agosto de 2008

Já nas bancas


Que é como quem diz: Num caixote lá em casa!

17 de agosto de 2008

Estreia



O Grupo de Bombos do Paço fez hoje a sua estreia.
Desejo-lhes sorte, apesar de eu ser do Rossio!
É mais uma iniciativa do pessoal de Canas, que evidencia o dinamismo característico desta terra.
Que tenham muito sucesso!!!

16 de agosto de 2008

6 de agosto de 2008

Férias de Verão

Já aqui confessei que é bastante difícil não fumar no verão.
Esplanadas, comezainas, bebidas... e outras coisas que puxam o maldito cigarro.
Tenho aguentado bem.
Estou de partida, mais uma vez. Na bagagem, só o estritamente necessário.
Deixo cá isto, que julgo não precisar...


5 de agosto de 2008

Arquivo Morto

Um dia destes tenho de arquivar a minha vida...






4 de agosto de 2008

Festa Brava II

Ontem houve tourada...






3 de agosto de 2008

Festa Brava

Hoje fui até à Figueira da Foz ver tourada.
Foi a primeira vez que vi e pensava que era a última, mas gostei muito e penso ir mais vezes.
Os touros e cavalos sofrem é certo. Todavia, é arte a passear na arena.
Deixo aqui uma imagens, por agora. Amanhã mostro mais.








2 de agosto de 2008

2 de Agosto

Hoje é dia de festa em Canas.
Estarei por lá, a comer sardinha no Largo que dá nome à festa. Uma festa em que se festeja o poder de emancipação e, porque não, revolução dos canenses.
O 2 de Agosto é dia de celebração das nossas reivindicações, de lutas, de outras guerras...
Hoje talvez sim... talvez fume, se se proporcionar, o cachimbo da paz.

1 de agosto de 2008

7 | 7000

Hoje celebro 7 meses completos sem fumar!
E o blog já ultrapassou os 7000 visitantes.
Estamos de parabéns, creio.

Dias...

Os dias passam sem ordem ou vocação.
Passam por mim, assim, num vai e vem de horas, sem nada para dizer ou escrever.
Não me apresso e deixo-os ir.
Um dia, mais cedo ou mais tarde, hão-de regressar.
Espero que na mesma.
Ao menos, sem fumar.

Reduzido a cinza

A minha foto
Canas de Senhorim, Viseu, Portugal
À espera de palavras...